Estudo aponta crescimento embasado na queda do desemprego; pacientes voltam aos consultórios, mas em ritmo mais lento que no pré-pandemia
O número de pacientes com plano odontológico no Brasil cresceu 13% em 2021, em relação aos números de 2019, último ano antes da pandemia de Covid-19. No entanto, apesar do crescimento do total de segurados, o número de procedimentos realizados apresentou queda de 5% quando comparados aos números de 2019.
A conclusão é de um estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), que analisou dados da utilização de serviços odontológicos por parte de beneficiários entre 2019 e 2021.
O total de segurados passou de 25 milhões em 2019 para 28 milhões em 2021. Contudo, de 2019 a 2021, o total de procedimentos anuais caiu passou 183 milhões para 174 milhões.
Para o instituto, o fenômeno é produto da combinação entre dois fatores: a pandemia, que afastou os pacientes dos consultórios odontológicos, e a recente retomada econômica, com a queda do desemprego. Isto porque muitos contratos são produto de benefícios oferecidos pelas empresas aos funcionários.
Superintendente-executivo do IESS, José Cechin detalha a movimentação que tem ocorrido no setor. “Houve uma retomada em 2021. O número cresceu, mas não chegou ao nível anterior à pandemia. As pessoas voltaram a fazer procedimentos, mas em um ritmo bem menor”, aponta Cechin.
“A explicação para o aumento de adesões tem a ver com o custo relativamente baixo, canais de comercialização sem burocracia, e o desejo de mais empresas, especialmente pequenas e médias, que não conseguem oferecer um plano de saúde e buscam disponibilizar pelo menos um plano odontológico para essas pessoas”.
A taxa de desocupação no Brasil ficou em 9,8% no trimestre encerrado em maio, segundo números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua), divulgada em junho pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Esse é o menor nível para o período desde 2015.
Os planos de adesão coletiva, principalmente, os empresariais, são os grandes responsáveis pelo crescimento do setor. O grupo passou de 699 mil beneficiários em 2000 para 20 milhões em 2021.
A pesquisa do IESS analisa os dados sobre as despesas líquidas de assistência odontológica. Na passagem de 2019 para 2020, houve queda de 19% nos custos com os procedimentos. Com a recuperação, de 2020 para 2021, o aumento foi de 16%.
Em valores nominais, a movimentação financeira do ano com assistência à saúde odontológica foi de R$ 3,2 bilhões.
O trabalho destaca ainda a importância de alertar a população sobre a importância da higiene bucal e dos trabalhos de conscientização, reforçados neste sétimo mês do ano, com a campanha julho neon, voltada para a saúde bucal.
O período foi escolhido para a campanha de prevenção porque os meses de férias escolares são percebidos como mais propícios para os procedimentos. Especialmente os relacionados à prevenção. Em 2021, 45% dos procedimentos realizados (78 milhões) foram de natureza preventiva.
“É um conjunto de ações. Tudo o que tem que ser feito precisa ser repetido, para que as pessoas internalizem. Especialmente crianças, pais e mães, que precisam assimilar a importância do cuidado bucal”, conclui o superintendente-executivo do IESS.