O cenário atual dos serviços odontológicos em Campo Grande tem gerado preocupação entre os cidadãos e profissionais da área. A redução significativa no número de postos de saúde com dentistas, que caiu pela metade, reflete uma crise que tem afetado o acesso da população aos cuidados odontológicos essenciais. Algumas unidades de saúde, como as Unidades de Saúde da Família (USFs), enfrentam sérios problemas para realizar atendimentos devido à falta de profissionais e equipamentos adequados. Além disso, muitas dessas unidades estão sem o serviço de dentista há mais de nove meses, o que agrava ainda mais a situação.
A escassez de profissionais qualificados é um dos fatores principais que têm dificultado o atendimento odontológico em diversas regiões de Campo Grande. As prefeituras, que tradicionalmente contratam dentistas para atender à demanda da população, têm enfrentado dificuldades para suprir essas vagas. Em consequência disso, muitos pacientes têm sido remanejados para outras unidades de saúde, resultando em maior tempo de espera e sobrecarga nas unidades que ainda oferecem o serviço.
O impacto dessa escassez não se limita à falta de profissionais. Diversas unidades de saúde também enfrentam sérios problemas estruturais, como a falta de equipamentos essenciais para o atendimento odontológico. Sem os aparelhos necessários para realizar tratamentos básicos, como a falta de cadeiras odontológicas e compressores, muitas unidades simplesmente não conseguem fornecer os cuidados necessários à população. Isso tem gerado insatisfação entre os pacientes, que muitas vezes se veem obrigados a buscar atendimento em unidades distantes, o que nem sempre é possível devido à dificuldade de deslocamento.
As autoridades municipais tentam encontrar soluções para esse problema, mas a situação ainda é desafiadora. Uma das alternativas que tem sido adotada é o remanejamento dos pacientes para outras unidades de saúde. Embora isso ajude a diminuir a pressão sobre as unidades que ainda oferecem atendimento odontológico, o tempo de espera e a quantidade de pacientes que precisam ser atendidos aumentam a sobrecarga dos profissionais dessas unidades. Além disso, o remanejamento nem sempre garante que os pacientes recebam o atendimento no tempo necessário, prejudicando a continuidade do tratamento e a eficácia dos serviços prestados.
Outro ponto crítico na gestão do atendimento odontológico em Campo Grande é a falta de investimentos na manutenção de equipamentos. Em muitas unidades de saúde, os aparelhos utilizados para procedimentos odontológicos estão obsoletos ou danificados, o que compromete diretamente a qualidade do atendimento. A falta de ações preventivas para a manutenção desses equipamentos resulta em paradas constantes, obrigando as equipes de saúde a lidarem com recursos limitados.
O Conselho Regional de Odontologia tem alertado para a gravidade da situação e cobrado medidas urgentes para resolver os problemas que afetam o atendimento odontológico no município. A falta de planejamento adequado por parte das autoridades responsáveis pela saúde pública é um fator que agrava a crise, já que o sistema de saúde deveria estar preparado para atender à demanda da população de maneira eficiente e contínua. A crise na área odontológica é, portanto, um reflexo de uma gestão pública que ainda carece de maior atenção aos detalhes e de um planejamento de longo prazo.
Além dos aspectos estruturais e profissionais, a crise no atendimento odontológico também reflete um problema mais amplo: a falta de políticas públicas eficazes para garantir a qualidade dos serviços oferecidos à população. A saúde, especialmente a saúde bucal, deve ser tratada com prioridade, já que tem um impacto direto na qualidade de vida das pessoas. A ausência de investimentos na área e a falta de uma gestão eficiente resultam em um ciclo vicioso, onde a população mais carente é a que mais sofre com as deficiências do sistema de saúde.
Para que a situação seja revertida, é necessário um esforço conjunto entre as autoridades municipais, estaduais e a sociedade. O remanejamento de pacientes pode ser uma medida paliativa, mas a solução real está em um plano de ação eficaz que envolva a contratação de mais profissionais, a modernização dos equipamentos e o investimento na formação contínua dos dentistas e demais profissionais da saúde. Só assim será possível superar a crise no atendimento odontológico em Campo Grande e garantir que a população tenha acesso a um atendimento de saúde bucal digno e eficiente.
Autor: Usman Inarkaevich