A escovação dos dentes é um hábito diário fundamental, mas o que poucos percebem é que realizá-la de forma incorreta pode causar sérios prejuízos à saúde bucal e até afetar o bem-estar geral. O dentista Alexandre Ravani, especialista em odontologia preventiva, destaca que muitos pacientes cometem erros repetitivos sem perceber, acreditando que estão cuidando corretamente dos dentes. Esses equívocos, embora pareçam pequenos, podem abrir portas para doenças como gengivite, cáries, tártaro, mau hálito persistente e até problemas cardiovasculares associados à saúde oral.
Um dos erros mais frequentes ocorre logo no início do processo: a escolha inadequada da escova de dentes. Muitas pessoas utilizam escovas com cerdas duras, acreditando que isso proporciona uma limpeza mais eficaz. No entanto, o uso contínuo de escovas rígidas pode causar retração gengival, desgaste do esmalte e até sensibilidade nos dentes. O ideal, segundo especialistas, é optar por escovas de cerdas macias que limpem de forma delicada, sem agredir as estruturas da boca. Além disso, é essencial trocar a escova a cada três meses ou sempre que as cerdas estiverem desgastadas.
Outro ponto crítico está no tempo e na frequência da escovação. Escovar os dentes de forma apressada ou menos de duas vezes ao dia é um erro comum. Para uma higienização eficaz, o tempo ideal é de pelo menos dois minutos, cobrindo todas as superfícies dos dentes, gengivas e língua. Escovações rápidas deixam resíduos e bactérias que favorecem o surgimento de placas bacterianas. O ideal é escovar sempre após as refeições e antes de dormir, momento em que a produção de saliva diminui, aumentando o risco de proliferação bacteriana durante a noite.
A forma como se realiza a escovação também pode ser prejudicial. Muitos utilizam movimentos horizontais bruscos, que além de ineficientes, podem causar traumas na gengiva e no esmalte dental. A técnica correta envolve movimentos circulares suaves, focando um ou dois dentes por vez. Essa abordagem permite uma limpeza mais cuidadosa, respeitando a anatomia bucal e evitando lesões. A escovação deve incluir a gengiva, sem agressões, pois é ali que as bactérias tendem a se acumular, formando o biofilme dental.
Negligenciar a limpeza da língua é outro erro grave e comum. A língua acumula resíduos alimentares e bactérias que podem provocar mau hálito e afetar a saúde oral como um todo. Incluir a higienização da língua na rotina de escovação é simples e eficaz, bastando utilizar a própria escova ou um limpador lingual. Essa prática reduz significativamente a quantidade de bactérias na boca e contribui para um hálito mais fresco, além de prevenir infecções.
Também é comum ver pessoas que acreditam que a força da escovação determina sua eficácia. Aplicar muita pressão durante a escovação pode parecer eficiente, mas na prática, causa danos ao tecido gengival e ao esmalte. Força excessiva não remove mais placa bacteriana, apenas agride a boca. O ideal é manter uma escovação leve e constante, com movimentos corretos e uma escova adequada. A delicadeza, aliada à frequência e à técnica correta, é o que garante a eficiência da limpeza bucal.
O uso inadequado do creme dental também merece atenção. Muitas pessoas utilizam uma quantidade exagerada de pasta, acreditando que quanto mais espuma, melhor será a limpeza. No entanto, o excesso de creme pode atrapalhar a escovação, mascarando a sensação de limpeza e dificultando a visualização da placa. Uma quantidade do tamanho de uma ervilha é suficiente para adultos. Crianças devem usar ainda menos, conforme orientação profissional, para evitar ingestão excessiva de flúor.
Por fim, confiar apenas na escova e esquecer o uso do fio dental é um dos maiores erros. A escova não alcança as áreas entre os dentes, onde restos de alimentos e bactérias se acumulam. O uso diário do fio dental é essencial para prevenir cáries interdentais, inflamações gengivais e mau hálito. Criar o hábito de usar o fio dental antes da escovação potencializa os efeitos da limpeza e garante uma boca realmente saudável. Corrigir esses seis erros pode transformar a saúde bucal de forma significativa, além de prevenir problemas que muitas vezes só aparecem quando já é tarde demais.
Autor : Usman Inarkaevich